Cruzamento Industrial

Canchim da Canta Galo abastece cruzamento industrial no Pantanal

Mais que ver de perto jacarés e toda a rica fauna do Pantanal durante visita a uma fazenda, Valentim Suchek, da Estância Canta Galo, localizada em Itapetininga, SP, vislumbrou a possibilidade de um novo negócio: o fornecimento de touros Canchim para o cruzamento industrial. Afinal, a raça se adapta muito bem às condições especiais da região pantaneira. “Feitos os testes iniciais, os reprodutores foram aprovados pelo pecuarista, que resolveu entrar efetivamente no cruzamento em maior escala. Optou por utilizar o touro Canchim em cima de vaca Nelore ou anelorada e assim obter precocidade sem perder a rusticidade”, afirma Suchek.

No começo de fevereiro, o selecionador enviou para lá um lote de 18 animais puros registrados, rústicos a campo, na faixa de 20 meses de idade, com andrológico confirmado. Só não mandou 20, como da primeira vez que o mesmo cliente fez encomenda, para maior conforto dos animais na viagem longa, de 1500 quilômetros. Nessa fazenda do Pantanal, segundo ele, o produtor costumava repor 4 a 6 touros Nelore a cada ano. Agora, o plantel está completo com touros Canchim. Futuras demandas dependem da expansão do plantel de matrizes.

Difundir as vantagens do cruzamento industrial com o touro Canchim é um trabalho que Suchek realiza na vizinhança de suas propriedades, bem como em outros Estados. Em Rondônia, na região de Ariquemes, já forneceu touros para um empreendimento pecuário administrado por um fundo de investimentos do Rio de Janeiro. Os reprodutores Canchim eram levados por um comerciante de touros de Araçatuba, que prestava o serviço de logística para este cliente. “Como o frete para Rondônia tem um custo elevado, da ordem de mil reais por animal, aconselhei o cliente a buscar touros da raça no Brasil Central, Goiás ou Brasília e entendo que assim ele passou a fazer”, explica Suchek.A Canta Galo tem um plantel próximo a 600 animais, o que permite produzir de 80 a 100 tourinhos de qualidade por ano e atender até mesmo parte da demanda aquecida dos meses recentes. Para tal produção, o que não falta é material genético de primeira. “Tendo um plantel de qualidade, e sendo correto na comercialização de qualidade, isto é na verdade é um grande abre-portas para novas vendas”, diz o selecionador, que desde 1992 cria animais puros e é um crítico da comercialização dos chamados animais MA, que ele classifica de “meia-cuia”.

Entre os touros diferenciados produzidos na Estância estão Mangote Canta Galo, classificado pelo Programa Geneplus, da Embrapa, como top 0,1% da raça em 2010, e Urdado Canta Galo, campeão Elite Ouro na Prova do CRV Lagoa 2010, realizada em Sertãozinho. No índice que reúne diferentes características em um só valor, prestigiando assim tourinhos mais harmônicos, obteve 12,63. A vantagem é muito grande em relação ao segundo e o terceiro, que ficaram com índices de 9,76 e 9,35, respectivamente. “Ganhar um prêmio destes é coisa rara, certamente difícil de ser repetida, mas comprova que meu plantel nada fica a dever aos melhores da raça Canchim”, explica Suchek.

Junto com outros três tourinhos e quatro fêmeas, o campeão será inscrito no julgamento da raça que será realizado no dia 30 de abril, durante a Expoagro de Itapetininga. Apesar de poucos animais participantes, a expectativa de muitas medalhas é grande devido à alta qualidade genética. Embora não participe com freqüência das exposições justamente por se dedicar exclusivamente à produção do Canchim puro rústico a campo, ele participa anualmente do evento agropecuário de Itapetininga como forma de apoiar o município onde estão localizadas a Estância e a Itaforte, empresa de sua propriedade que produz inseticidas e fungicidas biológicos, para controle de insetos e pragas na agricultura, inclusive as cigarrinhas das pastagens e da cana-de-açúcar.

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